Ilustração corporativa flat mostrando infraestrutura digital para restaurantes, com ícones de PDV, controle de estoque e gestão financeira conectados a um smartphone central

O setor de food service brasileiro está mudando de direção em 2025. Na última temporada, entre abril e junho, o iFood surpreendeu o mercado ao anunciar a compra de quatro empresas de tecnologia voltadas a restaurantes. O movimento revelou muito mais que simples crescimento: mostrou uma ambição clara de transformar o iFood numa espécie de infraestrutura integral para bares e restaurantes – muito além do delivery ao qual já estamos acostumados.

Pela primeira vez, a plataforma deixa de ser “apenas” canal de vendas e entrega para assumir funções fundamentais do dia a dia dos restaurantes. Falamos de operações de frente de caixa (PDV), controle de estoque, fluxo financeiro, ferramentas administrativas e até, no futuro próximo, soluções para crédito e antecipação de recebíveis. Algo assim desperta aquela sensação de “algo grande está acontecendo”, mesmo para quem acompanha de longe.

Restaurante com painéis digitais de gestão, funcionários interagindo com sistemas modernos, ambiente luminoso e moderno Os objetivos por trás das aquisições do ifood

A decisão do iFood não foi aleatória. Ela atende a vários objetivos estratégicos simultaneamente:

  • Construir um ecossistema “fechado” – Onde o restaurante pode fazer tudo dentro da plataforma: vender, gerenciar, pagar contas, registrar dados, operar estoque e até contratar crédito.
  • Ser parceiro operacional – O iFood busca se posicionar como braço operacional e financeiro dos negócios do setor, tornando-se indispensável para os operadores.
  • Ampliar receita – A partir de ofertas B2B para restaurantes, fugindo da dependência exclusiva das taxas de entrega do consumidor final.
  • Capturar dados valiosos – Com todas as operações passando pelo seu sistema, o iFood passa a ter acesso a informações detalhadas sobre caixa, demanda, giro de produtos, riscos e oportunidades.

Esses dados, inclusive, podem alimentar futuras ofertas financeiras, como antecipação de recebíveis, seguros ou empréstimos personalizados. Por sinal, um caminho já trilhado por gigantes do varejo e marketplaces que se transformaram em “bancos digitais” de seus parceiros comerciais.

Novos riscos e a dependência tecnológica dos restaurantes

Essa caminhada do iFood para oferecer soluções “full service” cria oportunidades e preocupações. De um lado, tem a promessa de mais controle, automação e integração – algo que, sim, pode ajudar PMEs a se profissionalizarem e sobreviverem num mercado cada vez mais competitivo. Não por acaso, pesquisas recentes mostram que 55% dos negócios do setor já registraram aumento de faturamento em 2024, impulsionados pela digitalização e recuperação do consumo.

Por outro lado, cresce a dependência dos sistemas do iFood. Ao integrar cada vez mais etapas do negócio, a plataforma reduz a liberdade do restaurante para “trocar de fornecedor” ou personalizar operações do seu próprio jeito. O risco de lock-in – aquela sensação de que “não tem como sair” sem grandes prejuízos – nunca foi tão real. Isso coloca pressão sobre softwares independentes, que correm o risco de ficar para trás ou serem engolidos por essa onda de consolidação.

Parece até um efeito dominó. Quando um restaurante se acostuma a integrar vendas, caixa, estoque e pagamentos na mesma plataforma, migrar para outra se torna caro, difícil, às vezes impossível sem dor. A analogia com provedores internacionais de computação em nuvem, como AWS ou Google Cloud, faz bastante sentido nesse contexto.

Pressão, digitalização e crescimento acelerado no setor food service

É difícil ignorar os números otimistas. O setor de alimentação fora do lar no Brasil, avaliado em US$ 17,35 bilhões, está projetado para alcançar US$ 24,03 bilhões até 2029, segundo dados da consultoria Mordor Intelligence. O crescimento anual esperado gira em torno de 6,73%, muito impulsionado por restaurantes de serviço rápido e pelo avanço da tecnologia.

A fragmentação do mercado é outro fator interessante: as dez maiores redes representam só 10% a 12% do faturamento, contra 30% em países desenvolvidos (como mostram estudos da Redirection International). Logo, existe espaço de sobra para quem sabe aproveitar tendências e investir em inovação nas operações.

As aquisições recentes do iFood aceleram essa digitalização, sobretudo entre pequenos e médios comerciantes. As soluções entregues “de ponta a ponta” (da gestão da cozinha até a entrega, passando também pelas finanças) se tornam um diferencial que arrasta para esse ecossistema restaurantes que antes eram pouco tecnológicos. É aqui que a consultoria da Latitud Finance faz diferença ao ajudar negócios a escolher quais ferramentas agregam valor de verdade, e quais só trazem dependência – sempre de olho em gestão financeira e geração de valor. Aliás, para quem busca uma visão aprofundada sobre transformação digital de PMEs, um bom caminho é conferir a análise publicada recentemente pela Latitud.

Casos comparáveis de consolidação e integração

Talvez faça sentido comparar o movimento do iFood a outras histórias de integração total no mundo dos negócios. Amazon é referência quando decidiu desenvolver o AWS e transformar infraestrutura em produto, tornando seus clientes dependentes, mas entregando valor transbordante. No Brasil, a Stone comprando PDVs e sistemas de gestão também mostra como a busca por um ecossistema próprio virou prioridade.

O paralelo se mantém nos desafios e riscos. Nem sempre soluções integradas são perfeitas. Podem haver perdas de flexibilidade, custos mais altos disfarçados de conveniência e pouca personalização.

A evolução do produto ifood: das origens ao full service

A trajetória do iFood pode ser resumida em algumas fases que, embora pareçam lineares, na prática mostram idas e vindas curiosas:

  1. Canal de vendas online — O início, voltado a conectar clientes e restaurantes para delivery, sem participação no caixa além da taxa de intermediação.
  2. Marketplace de entregas — Com crescimento da frota própria e maior controle logístico.
  3. Parceiro financeiro — Avanço para antecipação de recebíveis, repasses, meios de pagamento.
  4. Controlador operacional — Com a entrada em PDV, gestão de estoque e sistemas de retaguarda, meta de ser o “guardião” do fluxo operacional dos restaurantes.

Em 2025, já vemos a empresa atingindo a quarta etapa, com uma proposta clara de ser infraestrutura para o “negócio restaurante”. É transformação total. E, embora atraente, coloca perguntas sobre autonomia e custos de quem entra nessa engrenagem de integração.

Fluxo digital desde pedido de delivery até gestão do restaurante com múltiplos sistemas integrados Perfil do ifood em 2024/25: escala, números e posicionamento

O ano de 2024 confirmou o alcance e influência do iFood: mais de 43 milhões de usuários ativos mensais e uma receita estimada acima de R$ 8 bilhões, consolidando sua liderança. O volume de entregas bateu recorde, com média de 70 milhões de pedidos por mês – segundo reportagens do setor, como dados do IFB e análises setoriais recentes.

O ritmo impressiona, mas é preciso cautela: a capacidade de gerar valor sustentável a longo prazo depende justamente dessa integração inteligente, controle sobre dados e relação duradoura com os parceiros. Não é à toa que, enquanto muitos se preocupam com lock-in, outros enxergam nesses ecossistemas uma oportunidade.

Conclusão: o “aws dos restaurantes” e o novo food service

A corrida não é só por entregas. É por controle e dados.

O iFood, com suas aquisições recentes, mudou o jogo para o setor de food service no Brasil. De canal de vendas, virou controlador operacional do restaurante brasileiro. Quem embarca tem, sim, mais conveniência e talvez até benefícios financeiros no início. Mas também entrega autonomia, dependência de sistemas e perde margem de decisão. O caminho se aproxima dos grandes ecossistemas de fintechs, cercando o restaurante em todas as fases da operação.

Para os empresários, a escolha é clara: investir em tecnologia, buscar parceiros que agreguem real valor, mas não entregar todo o negócio para um único fornecedor. Ferramentas e consultorias independentes, como a Latitud Finance, ajudam o restaurante a olhar a gestão de dados, finanças e estratégia de modo crítico. Vale a pena, inclusive, conferir exemplos práticos sobre portfólio, integração e controle financeiro em nosso artigo detalhado sobre estruturação de operações.

O futuro é híbrido: automação, inteligência e independência. Se você deseja conhecer as melhores práticas para impulsionar o crescimento e evitar armadilhas do lock-in, vale conhecer os serviços da Latitud Finance. Descubra como podemos ajudar sua empresa a crescer com segurança e visão de futuro.

Perguntas frequentes

O que são aquisições no food service?

No contexto do food service, aquisições são compras de empresas, startups ou soluções tecnológicas por players maiores (como o iFood) para ampliar controle e atuação no setor. Essas operações geralmente envolvem integração de sistemas, times e portfólio, buscando criar plataformas mais completas para restaurantes e bares.

Como as aquisições impactam restaurantes?

Elas trazem novas ferramentas e serviços, simplificam processos e potencializam ganhos operacionais. No entanto, aumentam a dependência do restaurante em relação ao fornecedor, dificultando mudanças futuras e limitando personalização. Cabe avaliar cuidadosamente cada proposta antes de aderir.

Quais empresas lideram aquisições no setor?

Grandes plataformas digitais, como iFood e algumas operadoras de meios de pagamento, lideram a tendência de aquisições no food service brasileiro. Startups e softwares nichados costumam ser os alvos. A diferença é que consultorias independentes, como a Latitud Finance, buscam soluções customizadas fora desse pacote fechado.

Vale a pena investir após aquisições?

Pode ser interessante aproveitar novidades e sinergias criadas por grandes ecossistemas. Porém, é necessário olhar com calma para os riscos de lock-in, custos ocultos e perda de autonomia. Uma consultoria financeira experiente pode apoiar essa avaliação de forma isenta.

Quais tendências surgem com as aquisições?

Entre as grandes tendências estão: digitalização acelerada de pequenas e médias empresas, surgimento de plataformas integradas (“do pedido ao pagamento”), aumento do acesso a dados financeiros e tecnológicos e um movimento forte em direção aos ecossistemas “tudo-em-um”. Mas, como regra, equilibrar independência e conveniência ainda é o segredo do sucesso a longo prazo.

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Erico Freitas

Sobre o Autor

Erico Freitas

As a leader of M&A and entrepreneur relationship at Pipeline Tech M&A, I am responsible for creating investment portfolios and developing new business opportunities with investors and corporations. I have over 10 years of experience in financial analysis, fundraising, strategic planning, and investor relations, as well as a strong background in innovation and project management. I hold the CFP, CEA, and CPA-20 certifications, which demonstrate my proficiency and credibility in the financial sector. I am also a co-founder of DataSpoc, a startup that leverages AI and machine learning to provide data-driven solutions for various industries. I have a passion for technology and innovation, and I enjoy working with a talented and diverse team to create cutting-edge products and services. Additionally, I have a keen eye for spotting and supporting promising ventures, and I use my strategic thinking and new business development skills to help them grow and succeed.

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